“... pétala após pétala
após pétala
até chegar a mim...”
in Maria Teresa Horta | “Até chegar a mim”
O poema “Até chegar a mim”, de Maria Teresa Horta, convoca “Pétala”, o segundo disco da acordeonista Inês Vaz.
Inês Vaz, no seu primeiro trabalho discográfico – “Timeless Suite” – destacou o acordeão como personagem único na interpretação de, entre outros, Bach, Scarlatti, Rossini, Beethoven. Neste segundo disco, Inês Vaz mantém a centralidade no acordeão, mas a este junta poesia e voz, através da participação dos convidados Jacqueline Fernandez, José Rodrigues Cardoso e Natália Luíza, num revestimento de pétalas poéticas que ditam uma narrativa mais orgânica e que aporta cor, definição e intensidade à narrativa.
Poemas de Francisca Aguirre, José Rodrigues Cardoso e Maria Teresa Horta intercalam-se, nos caminhos instrumentais desta “Pétala”, com peças de Astor Piazzolla, Brad Mehldau, Inês Vaz, Maurice Ravel, Modest Mussorgsky, Vladislav Zolotaryov e, tecendo o fio condutor de um disco que propõe uma história, nota após nota, palavra após palavra.
Uma “Pétala” que exalta um grito de mundo e humanidade, em tempos de um certo silenciamento. Que escava a fragilidade de cada camada com que o nosso mundo interior se fortalece enquanto camada-minha-íntima do nosso pequeno mundo e deste enquanto camada única do universo.
Uma “Pétala” que será na verdade, a página livre que cada um quiser imaginar.
Neste disco, Inês Vaz sugere-nos uma viagem narrativa e reflexiva em torno da leveza, delicadeza e simbologia metafórica de uma pétala.
Por José Rodrigues Cardoso